DILEMA

Não havia me dado conta,
Mas acho que estou cansado.
Dessa coisa meia boca
Que beira o patético e até mesmo o esperado.

Essa situação recorrente já não faz mais sentido.
Apesar de já ser conhecida e até vivida,
Parece até que eu continuo me iludindo.

Parece coisa de gente mal amada.
Essa encheção de saco
De tanta gente recalcada.

Que momento difícil.

Não saber se com isso eu sigo
Ou se desisto e mudo de caminho.

Me sinto meio bem e meio desconfortável.
Algo totalmente natural,
Como tantas coisas naturalmente estranhas dessa vida,

Não sei se vale a pena,
Perder tempo e energia
Sem saber qual o sentido

De passar noite e dia
Sobre isso refletindo.

Sem entender se vai ou racha
Ou porque deveria ir ou não.
Confuso, estranho e até complicado.

Acho que tudo isso deveria ser mais simples.
Ter mais frio na barriga e menos dor de cabeça.

Mais vontade e mais querer, fazendo a coisa acontecer.

Viver o momento, de fato bem vivido.

É...
Pensando bem,

Acho que não compensa ficar nesse nó
Que não ata e nem desata e chega a fazer dó.

Afinal, se tivesse que ser, já teria sido.

Ou ao menos, quando tiver que ser, se tiver que ser e o que tiver que ser, 

Acredito que assim será.

Mas ficar nesse meio termo é perda de tempo
E simplesmente para mim já não dá.

Não quero e nem espero que vá melhorar.

Ainda bem que a vida sempre segue
E parado, ninguém nasceu para ficar.

Então me diga você, 
É desse jeito que chegamos em qualquer lugar?

Nesse caso o que me resta, é dizer obrigado
Pois apesar de tudo, 

Permanecemos lado a lado
E quanto a isso eu sou grato.

Mas quando vira prisão ou falta de parceria,
Acho que o melhor seria, se não estou enganado,
É cada um seguir seu caminho,

Com respeito, carinho e
Se possível, mantendo a amizade.

Façamos isso e te direi até logo.
Com um beijo de despedida espero que siga
Sendo minha amiga, para onde quer que vá.

Mais do que isso neste momento, não podemos tentar.
Mesmo que eu queira não pode mais ser.
O melhor talvez seja isso tudo esquecer.

Não das coisas boas pois essas eu quero guardar.
Mas o que não se encaixa temos que deixar pra lá.

Adeus e obrigado por tudo.

De seu caminho saio mas não saio de sua vida.

Desejo que a plenitude da felicidade se faça sempre presente

E mesmo que as vezes se ausente,
Não se esqueça

Que sempre haverá uma maneira
De com ela se reencontrar.

UM CARA QUALQUER

Aqui quem fala,

É um cara qualquer.

Que fala na cara.

E escreve o que quer.

Esse cara que fala,

Pensa que pensa,

Esse cara não para,

Mas não faz diferença.

Esse cara é amigo,

Mas tem muitos defeitos.

É um chato ao triplo,

Pensa no que foi feito.

Pensa sobre a vida

Tenta abrir sua mente.

Repassa ou reprisa,

Feito filme da gente.

Ele sabe te ouvir,

Pra tentar ajudar.

Ele te faz sorrir,

Se a tristeza chegar.

Ele dança na vida,

Mesmo que a vida não dance.

Pra curar a ferida,

Segue em frente e avante.

De tudo o que vem,
Agradece o que tem,
Sem perder a esperança.

Lutando na lida,
Não sabe a partida,
Segue sempre a mudança.

Já não sabe de nada,
Mas quer aprender muito.
Sabe que a tal virada,
Pode vir num minuto.

ROTINA

Vejo os teus olhos cansados,
Seu sofrimento e sua dor.
Ouço seu choro guardado
E a ansiedade em busca do amor.

Na rotina enclausurada,
Se encontra noite e dia.
Nessa vida abandonada,
Finge cegueira ou miopia.

Já não ouve o que diz,
O tão sábio coração.
Quase cego por um triz,
O que se vê é escuridão.

Se acostuma a rotina,
Por temer a tal mudança.
Desejando alegria,
Esperando abonança.

Aguardando que o dia,
Chegue e vá.
Sem plantar a semente,
Não há o que semear.

Põe a culpa no mundo,
Por não ter o que colher.
Esperando um milagre
E acreditando merecer.

Ignora isso tudo,
E reclamando prossegue.

Vive a mesma rotina,
Sem saber o que acontece.
Vai seguindo a vida,
E por tudo padece.

DISSERAM

Já me disseram que tem gente,
Que vem lá do oriente,
Mas chega dizendo oxente,
Não consigo entender.

Já me disseram outro dia,
Que tudo se alagaria,
Menos dia ou mais dia,
No sertão pra você ver.

Já me disseram que na vida,
Não há só uma saída,
Se não curar a tal ferida,
Você pode até morrer.

Já me disseram,
Que há certo e errado,
Só não sei mais pra que lado,
Que eu posso então correr.

Já me disseram que o diabo,
É um bicho atentado,
Tem um garfo afiado,
Doido pra te conhecer.

Já me disseram,
Que Deus é benevolente,
Que ajuda muita gente
Eu respeito sua crença,
Mas eu não consigo crer.

Já me disseram,
Que o povo está irado,
Com esse tal noticiário,
Eu nem sei pra que TV.

Já me disseram,

Que quem ama é amado,

Mas quando algo da errado,

Morre ou mata por sofrer.

O que eu te digo,

É que eu estou cansado,
De tanto papo furado,
Desse disse que me disse,

Então chega de dizer.